As mulheres são de Vénus e os homens de Marte*

O meu marido enviou-me um e-mail (com um timing perfeito by the way) cujo conteúdo discorre acerca das expressões utilizadas pelas mulheres que têm um duplo significado, ou melhor que nós mulheres dizemos de uma maneira para os homens perceberem de outra. Assim um género de indirectas, meios-termos, coisas para que os homens percebam nas entrelinhas…

Pois deixem que vos diga só uma coisa…há tanto tempo que as mulheres já deixaram de perder tempo com esse tipo de sinais de fumo, se os homens perceberem aquilo que nós pedimos muito bem explicadinho na lista do supermercado, já é uma sorte e das grandes, não vamos ter pretensões que entendam, a nossa linguagem corporal, ou a cinestésica, digamos que isso seria comparar um jogo do Inatel com a liga dos campeões.

Surge assim aqui, uma nova serie de conteúdos intitulados “As mulheres são de Vénus e os homens de Marte”, que pretende ser uma espécie de elogio ao livro com o mesmo nome de Jonh Gray,  um livro tão bom, mas tão bom que até está esgotado, diz assim Em tempos idos, os homens eram de Marte e as mulheres de Vénus. Encontravam-se, apaixonavam-se e viviam relações felizes e duradouras, porque aceitavam e respeitavam as suas diferenças. Depois, Marcianos e Venesianas desceram à terra, esqueceram-se que vinham de planetas diferentes e começaram a fazer-se exigências gratuitas e sem sentido. É com esta metáfora que ilustra os conflitos que ocorrem com frequência entre homens e mulheres, que John Gray explica como as diferenças se podem intrometer entre os sexos e impedir as relações compensadoras para os dois. De acordo com a crítica internacional, Gray não garante o regresso aoParaíso, mas aponta o caminho a seguir.

Uma amiga minha (muito amiga portanto) falou-me deste livro em 2002, mas eu ainda não era casada. Achei que teria tanta utilidade como os panos de cozinha que a minha avó insistia em comprar para o meu enxoval. Ainda hoje é o dia que estou a estrear panos de cozinha, mas este livro nem vê-lo . Daria um presente de casamento perfeito é o que tenho a dizer, assim só para não termos as expectativas lá no alto dos Pirenéus. Só na relação utilidade/ preço dá 20-0 à Bimby.

Deixo aqui algumas rectificações, observações às expressões que considerei dignas de nota, aliás, até me vou dar ao luxo de dissecar, falar acerca de cada uma individualmente, sim porque seria um desperdício falar de todas ao mesmo tempo, isto não seria um post, mas sim mais outro livro sobre a guerra dos sexos. E eu não sou cá dessa coisas de fazer intrigas entre homens e mulheres.

#1 "Chega"

 Esta é a palavra que as mulheres usam para encerrar uma discussão quando elas estão certas e tu tens que te calar.

Errado. Começamos logo mal. Quem diz “chega” são os homens. Dizem “chega” porque nós falamos, falamos, falamos, deslindamos com tanta, mas tanta mestria um argumento atrás do outro que parecemos tal advogadas numa serie americana. E quando vocês homens já não sabem o que fazer, (dizer não porque vocês não falam) vocês dizem isto: Chega. Que quer dizer: tens razão, mas eu não sei sair desta situação por isso vou dizer esta palavra a ver se tu  te calas.

Fofinhos, as mulheres não dizem chega, porque para elas nunca chega, elas querem que vocês falem, querem falar com vocês, querem ser ouvidas, por isso é que chegam a um ponto em que já gritam sem ter noção de que isso está mesmo a acontecer e por essa altura já o prédio todo percebeu o que se passa no 5º esquerdo. O prédio todo sabe menos vocês. Além disso, muito raramente uma discussão está completamente encerrada. Não acreditem nisso fofinhos, isso é tão ingénuo utópico da vossa parte. Há sempre detalhes, pormenores, coisas pequeninas que precisam sempre ser faladas, discutidas, mas nunca, nunca caladas. Je suis Charlie pelo Amor-de-Deus.

Fui clara o suficiente ou nem por isso?

E já agora, porque é que nós haveríamos de nos dar ao trabalho de discutir com vocês quando sabemos que estamos certas? Isso não faz sentido nenhum, é uma perda de energia...

Nós discutimos com vocês, para que vocês percebam que são vocês que não têm a razão.

Savait?

**Livro do norte-americano John Gray, especialista no aconselhamento de casais, está há anos consecutivos na lista dos mais vendidos do New York Times. Seguindo também o sucesso que está a ter por todo o lado este « manual do entendimento entre homens e mulheres».