terça-feira, 7 de outubro de 2014

a licença de maternidade não é

desculpem a qualidade da fotografia, mas não resisti à imagem de mãe perfeita
Não é para andar bem vestida, perfeita, maquilhada todos os dias, saltos altos, roupa a condizer. Até porque a nossa roupa (na maioria dos casos) nem nos serve.
Não é para acordar, ter a casa limpa, toda arrumada, a cheirar a velas, perfeita com tudo no lugar.
Não é a altura certa para começar uma dieta.
Não é um tempo para realizarmos projectos nossos, que tínhamos deixado para traz, porque este tempo não nos pertence, logo não podemos ficar frustradas se não conseguimos fazer isto ou aquilo que tínhamos planeado. Isso são pormenores tão pequenos.
É um tempo de gratidão.
É um tempo de uma preguiça egoísta dedicada um ao outro.
É um tempo de carinho, de momentos que não se repetem.
É um tempo de olhares de reconhecimento que gravamos no nosso coração.
É um tempo de aconchego, de sentir que somos tudo um para o outro.
É um tempo de partilha dos dias que passam depressa (demais).
É um tempo de plenitude, em que o tempo, é sem dúvida o nosso bem mais precioso.
É um tempo que serve para ver e reconhecer a personalidade um do outro.
É um tempo de criar outras rotinas e deixar de lado as nossas.
É um tempo de nos alimentarmos bem, para o alimentarmos bem. Literalmente.
É um tempo de fazer cedências continuamente, em prol do mais novo que está completamente dependente dos cuidados da mãe, em prol do mais velho que já cá estava e cujas necessidades de autonomia crescem de dia para dia.
É um tempo em que o básico chega em termos de menáge doméstica (cada um sabe o que é o básico para si).
Mas também é, sobretudo um tempo para sonhar. Sonhar a nossa vida tal qual ela é. Porque os filhos têm a capacidade de nos fazer renascer e também de nos curar. Porque vemos a nossa vida continuar na vida que nós criámos, sem que sejamos nós a vivê-la.

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