quinta-feira, 13 de novembro de 2014

o significado psicológico da "fraldinha"


Conhecemos o Linus, como o irmão de Lucy e amigo de Charlie Brown da serie Peanuts. Mas este personagem é conhecido sobretudo, por nunca largar o seu cobertor azul. Também todos nós, conhecemos alguém na nossa infância que andou sempre com um cobertor ou alguma criança da família que usa uma fralda, uma chucha, ou uma corrente com três ou quatro chuchas, ou um peluche, ou tudo ao mesmo tempo. Qual é afinal o significado psicológico do "apego" a estes objectos?

Winicott, pediatra e psicanalista inglês foi o percursor no estudo destes objectos, através da observação de bebés e crianças, desenvolvendo assim o conceito de objecto transacional. que em traços gerais pode ser caracterizado como o objecto que torna possível a separação da figura materna.

Durante os primeiros meses de vida, o bebé encontra-se num estado de total dependência da mãe, ou principal cuidador, tempo este que é caracterizado por uma satisfação quase perfeita das suas necessidades, sendo que estas são satisfeitas sem que ele se esforce muito, são preenchidas quase como magicamente, os objectos surgem ao seu redor, como se fossem desejados por ele próprio. 

Decorrido este tempo, a mãe já não se encontra no estado de preocupação maternal primária, período caracterizado por um excessivo cuidado e preocupação com o bebé, o que leva à manutenção e consistência dessas mesmos cuidados, e surge então a necessidade de encontrar um equilíbrio entre a satisfação imediata dos desejos do bebé e o conhecimento do mundo externo que o rodeia. Existe então uma modificação da realidade externa do bebé, sendo este é como que forçado a conhecer esse mesmo mundo: o bebé não espera simplesmente que a mãe o atenda, como também tem que chamar a sua atenção.

É nesta altura, em que o bebé está a explorar o mundo à sua volta, que os bebés de forma geral, "apegam-se" veementemente a um determinado objecto, que lhe é oferecido na maioria dos casos pela própria mãe. Existe ainda a particularidade no caso do apego a objectos, de que o bebé comece a emitir e a repetir sons que remetem para o objecto em si, assim como existem casos muito comuns em que crianças podem passar todo o dia a cheirar a fralda (objecto) e só conseguem dormir se a tiverem consigo.

Assim, de acordo com a observação directa e em conjunto com os princípios do desenvolvimento infantil, Winicott fez uma interpretação quer do comportamento dos bebés, quer do significado desses mesmos objectos para os bebés, considerando que, se o bebé se agarra tanto ao objecto e precisa dele para dormir, significa que o objecto tem uma função na elaboração mental que o bebé faz do seu ambiente externo. Sabendo que agora, a dificuldade com que o bebé precisa lidar é o afastamento da mãe, e consequentemente o seu reconhecimento como pessoa distinta dele. Até aqui a mãe era tudo para a criança, mas a partir de agora ela não vai estar tão presente, daí que esse objecto, fralda ou boneco, vá representar para a criança a mãe em absoluto, dado que ela vai precisar dele quer para se sentir segura, quer para consegui conciliar o sono, exercendo assim uma função quase como de "substituto" da mãe

Neste entendimento, a fralda que a criança segura e cheira, não é apenas uma fralda, é um "bocadinho da sua mãe", ao mesmo tempo que é um objecto externo a si, também é interno porque para o bebé significa o cuidado que a sua mãe tem consigo e com o qual não pode contar naquele momento.

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