quarta-feira, 12 de novembro de 2014

aritmética dos filhos #3

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Viver num país onde se fala cada vez mais da necessidade do aumento da natalidade, da urgente renovação de gerações e das medidas do governo que visam motivar os pais para contribuir para o aumento da taxa de natalidade, numa altura em que cada criança já conta como número  (0.3), faz-me pensar nesta ideia de ter mais filhos, quero dizer, mais do que dois.
Já aqui discorri acerca do assunto de estar à espera das condições ideais para ter filhos, que nunca chegam, por isso não vale a pena adiar, só vamos ficar mais velhos e tristes por não ter decidido avançar mais cedo, mas não é disso que quero falar agora.
Numa recente conversa com a I. dizia-lhe que achava muito gira essa ideia de ter três filhos, mas talvez não seja para mim, ou para já.
Dada a conjuntura de ter dois meninos, é-me frequentemente perguntado (cerca de 587 vezes por dia), se eu "não vou à procura da menina". Parece que é mais aceitável para os pais que têm dois filhos do mesmo género ir procurar de um terceiro que desempate a coisa, como se tivéssemos uma boa desculpa: querer ter um de cada...
De facto, eu como consumidora, já cheguei a comprar duas e três camisolas iguais mas de cores diferentes, só porque gostava muito, mas é porque eram camisolas. Já outras questões de ordem superior, tais como os filhos, não vejo a necessidade de "ter um de cada" porque não nos cabe a nós decidir o género, nem um é melhor do que o outro, é o que tem que ser. Porque os filhos não se escolhem.
No meu entender, que vale o que vale, mas é o meu, no que se refere ao número de filhos, quando falamos em planeamento familiar, depende mais das condições do casal, entenda-se condições psicológicas para fazer o espaço necessário para 2, 3, 4 ou 5 filhos, do que das condições financeiras ou materiais.
Depende mais da estrutura do casal do que da sua carteira. Depende mais da sua capacidade para gerir as noites mal dormidas, para testar novamente os limites de cada um e dos dois enquanto casal, de saber multiplicar (não é dividir) a atenção por três ou por quatro. 
Conheço casais que têm só um filho e a quem dão tudo o que têm e não têm e andam sempre stressados com tudo e mais alguma coisa: a gripe A, o miúdo que anda distraído na escola e tirou só 98% a língua portuguesa e começam a dizer-lhe que deve ir para ciências logo quando entra no primeiro ciclo, não vá o puto querer ter ideias próprias e ir para artes que não tem saída nenhuma e depois fica no desemprego e tem que sair do país e nunca mais o vão ver......
Mas também conheço casais com 3 e 4 filhos, que usam a roupa uns dos outros, e não é roupa a condizer, que fazem o pequeno almoço uns dos outros, que aos 3 anos já sabem quais são as marcas brancas dos supermercados e cujos pais nada ou quase nada os consegue enervar, conseguem gerir uma grande família, como se fosse uma orquestra.
Somos todos diferentes, obviamente que seremos pais diferentes, uns mais preocupados que outros, mais piegas ou zelosos das nossas crias, mas não somos nem melhores nem piores só porque temos um filho ou cinco filhos, uma vez que, nem a parentalidade é um concurso, nem os filhos são um troféu. 
Porque isto de ser pai e mãe de muitos, não é para todos.

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