sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

ser resistente


Na adolescência, prepara-se a vida adulta. É "normal" (e desejável digo eu) que nos sintamos perdidos, desalinhados...
Quem viveu a sua adolescência nos anos 90 há-de lembrar-se de cantar as canções dos Resistência algures num canto da escola com um ou outro amigo que sabiam uns acordes de guitarra, e aquilo soava sempre tão bem. Soava a um doce lamento de nós, enquanto adolescentes, que sabíamos ter a vida toda pela frente, cheios de expectativas, sonhos, medos, confusões, ideias claras de liberdade ...de não saber muito bem por onde ir, mas ter a certeza de que queríamos partir. E isso chegava. E fomos. Realizámos muitos sonhos de certeza, outros ficaram para trás, aprendemos a viver a vida com todos os erros e todos os amigos a que tínhamos direito, até encontramos o nosso norte.


E hoje, depois das tardes a faltar às aulas para ir jogar puzzle buble no salão de jogos (sim grande loucura), depois dos exames nacionais, de entrar para a universidade, de fazer o curso, trabalhar, namorar, casar, comprar casa, ter filhos, ir de férias, trabalhar mais, casa-escola-casa, segunda-feira, sexta feira, máquinas para fazer e estender, hoje é dia de ir aos avós, ainda tenho dois relatórios para acabar, já se passaram mais de vinte anos ...e com tantas conquistas vem também muita gratidão, muita consciência de todos os percursos, derrotas e Victórias. Mas continuamos desalinhados. Não no sentido de estar perdido, mas no sentido de nos questionarmos constantemente, e de nos recusarmos a percorrer sempre "os nossos caminhos que nos levam sempre aos mesmos lugares" ..."Estou a fazer isto com que propósito? Isto leva-nos onde? Isto serve para quê? E agora?" É uma crise saudável, ainda é cedo para lhe chamar crise de meia idade, mas é acima de tudo, é querer crescer, é querer ser mais, e fazer mais e melhor. Como se faz é que ainda não sabemos. Mas só o facto de estarmos incomodados, de estarmos conscientes e prontos para essa mudança, já é um começo. Ninguém sabe para onde eu vou, ninguém manda em quem eu sou. Um dia chegamos lá. 
Bom fim de semana! 

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perdidos e achados