sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

manual de sobrevivência para o Natal


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Gosto do Natal.
Gosto do que o Natal representa, porque acredito.
Por outro lado, incomoda-me um pouco, bastante, quem se aproveita do espírito natalício e que acaba por envolver os mais bem intencionados de más intenções.
Porque é Natal sempre que o homem quer, logo sempre que eu quero, também existem algumas linhas de orientação a ter em conta até dia 24 para não deixar que o espírito não natalício dos outros nos engula por completo.
Desde as inúmeras campanhas de angariação de donativos, em dinheiro ou em géneros que por vezes não sabemos muito bem para onde vão parar, até às rifas que nos pedem para vender da escola dos nossos filhos: "Vá-lá dê uma ajudinha ...não vê que é Natal!".
Jantares de Natal do trabalho, da ginástica, do clube de teatro, do pessoal da bola. É muito difícil ir a todos, ou ter a mesma disposição em todos, festejar o Natal deixa de ser especial, passa a ser banal e mais uma oportunidade para ir para a farra.  Há sempre aquele jantar onde há uns que vão por medo, outros vão por obrigação, outros vão porque é a única oportunidade que têm de partir a corda e levam o ano todo a falar disso, "Ai tu estavas linda no jantar de Natal do ano passado!!".
Se por acaso, alguém se atreve a dizer que não vai ao jantar de Natal da empresa, aquilo cai o carmo e a trindade, porque é uma desmancha prazeres, porque "olhe que não devia ser mal agradecida, já que foi promovida este ano...veja lá o que faz ...". Ficamos tão cheios de espírito de Natal neste momento. 
E a troca de prendas? Uiiiii que bom. Ele há os presentes que damos por obrigação, os presentes que são "só uma lembrancinha", os presentes que já sabemos que são chocolates, então nem desembrulhamos e guardamos para dar a outra pessoa...
A ideia que temos de que a perfeição existe no Natal é o que mais pode estrangular o Natal. 
Porque a vida não é exactamente como nos postais ilustrados em que as famílias e amigos brindam felizes e contentes e as crianças brincam lá fora na neve.
Há sempre alguém que fica desiludido com presentes, há sempre coisas por esclarecer, há sempre quem beba demais, há sempre uma cunhada a criticar outra, quando uma contribui para ceia com camarão tigre, enquanto que a outra traz um pacote de amendoins. 
Há sempre um grande esforço para agradarmos a todos porque tem que ser. Porque é Natal e não queremos estragar tudo, ainda que tenhamos coisas mal resolvidas com uma ou outra pessoa. Algo que ficou por dizer, mas agora também não queremos ser os responsáveis por quebrar todo aquele ambiente. Assim guardamos para nós aquele mal estar.
Há sempre a pressão de estarmos todos juntos, num espaço muito pequeno, e a cena acaba eventualmente por se tornar desconfortável. E porquê? Porque não vamos aos treinos.
Talvez, devêssemos treinar mais vezes para o Natal, ou seja, simplesmente passar mais tempo juntos durante todo o ano em vez de depositar as esperanças todas no Natal.
Porque qualquer motivo é bom para estarmos juntos, sem pressões, sem necessidade de agradar, sem obrigações.
Talvez devêssemos estar juntos só porque sim, só porque nos apetece.
Talvez não seja preciso esperar pelo Natal para dar um presente.
Talvez os melhores presentes nem se vendam nas lojas, nem sejam aqueles que são impingidos pela publicidade. 
Mas mesmo assim, não desisto e continuo a gostar do Natal, mesmo com tantos spoilers.

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