segunda-feira, 25 de maio de 2015

de pequenino é que se torce o positivo


Tendo eu o privilégio de estar em contacto todos os dias com crianças, com as quais aprendo (tudo) todos os dias, também tenho a vantagem de estar em contacto com o seu contexto e ambiente de sala de aula.
Numa altura em que se fala tanto no pensamento positivo, na parentalidade positiva, na escola positiva, corro o risco de questionar se alguém pensa que o pensamento positivo será algum tipo de comprimido, algum milagre, ou algo instantâneo que aparece assim sem mais nem menos e de um momento para o outro, quando alguém nos diz: Tu tens que pensar positivo. E num clic a nossa cabeça começa a funcionar de outra forma e em vez de ver o copo meio vazio começa a ver o copo meio cheio.
aqui falei sobre este tema, mas de uma forma dirigida a adultos, mas na verdade o pensamento positivo treina-se, e quando temos o privilégio de trabalhar com crianças, é nosso dever (digo eu, mas é SÓ a minha opinião e vale o que vale) enquanto educadores transmitires-lhes as nossas ideias, as regras, as opiniões, o mundo, de forma positiva.


Como? Transformando tudo aquilo que queremos dizer do negativo para o positivo. É um exercício mais ou menos parecido com o discurso directo/discurso indirecto. Vamos a um exemplo prático com uma frase que muitos utilizamos no dia a dia: Quando estamos a comer qualquer coisa e oferecemos aos amigos e dizemos/perguntamos:"Ninguém quer?" Pois claro que não, pois nós já estamos a dizer que ninguém quer. Na transformação para a positiva ficaria: "Alguém quer batatas fritas? Alguém quer gelado?". 
Muitas vezes também dizemos:"Não queres vir comigo tomar café?" Resposta às vezes imediata: "Não". Claro...
Bem, já deu para perceber não deu? Agora tomem consciência da quantidade de frases que nós dizemos todos os dia de forma negativa, seja um convite, seja o que for, quando na verdade queremos que daí venha uma acção positiva e depois acontece de forma oposta ao que desejámos...porque será?
Tudo isto tem um principio, nós aprendemos a falar desta forma desde pequeninos, mas também podemos desaprender este pensamento e pensar de outra forma antes de falar de forma negativa. Parece simples mas dá muito trabalho. É preciso contrariar muitos anos de negatividade antes de abrir a boca. Quando ouvimos sempre falar na forma negativa, é provável que comecemos também as nossa frases por: "Não quero. Não gosto. Não consigo. Não sou capaz." E depois perguntamos porque será que isso acontece.
Obviamente que não sou apologista que os miúdos andem a empurrar-se uns aos outros e aos berros dentro da sala. mas existem outras formas de o dizer/escrever as regras da sala de forma a promover um bom ambiente de sala. Tais como:
Regra nº 1- Falar baixo;
Regra nº 2 - Tratar bem os colegas;
Regra nº 3 -  Estimar os brinquedos;
.....e assim em diante. 
Uma pessoa entra numa sala de infantário e dá de caras com regras feitas desta forma tão construtiva e  quase que tem que pedir licença para respirar. Quase. Não, Não, Não. Tudo não isto, não aquilo. Está bem que o não é tão importante como o sim, mas posto assim desta forma qual o miúdo que não fica com vontade de quebrar as regras? Então as regras não foram feitas para ser cumpridas?
Mas assim como assim, muitos miúdos no pré-escolar ainda não sabem ler. É a sorte deles.

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