quinta-feira, 11 de junho de 2015

5 sinais de que as férias fazem mal às pessoas


Afinal, sempre fizemos uma pausa, mas não estamos em stand by...
Coisas que me colocam dúvidas e me põem a pensar durante as férias:

1. As férias obrigam as pessoas a passarem tempo juntas e a fazerem coisas juntas. Algumas pessoas não sabem estar com as outras, outras pessoas não percebem como participar numa série-de-actividades-estipuladas-que fazem-parte-da-rotina-de-férias então optam por anular-se, por não opinar, não participar, não reivindicar espaço ou opinião, do género façam como se eu cá não estivesse. E não está mesmo.
2. É suposto as férias serem divertidas. É suposto estarmos felizes, é suposto que as miúdas tenham os laços na cabeça, as duas vestidas de igual, o nosso ego ali projectado naquelas duas alminhas que nos fazem bipolarizar entre um "Estou tão feliz por estarmos na praia" e um grito que nos salta de repente "Não mandes areia para cima da tua irmãaaaaaaa". Existe uma pressão enorme para aproveitarmos cada minuto, cada segundo a rir e já agora a agradecer, porque temos um privilégio que muitos não têm, já é uma sorte ir de férias...


3. Continuo sem perceber os casais que fazem férias com os sogros ou com os pais. Eu sei que lhes pagam a estadia, os almoços na esplanada, o jantar do pronto a comer, que oferecem os gelados aos netos. Eu até percebo a vantagem económica da coisa, não compreendo é a vantagem relacional. Da amostra que venho a estudar há alguns anos (amostra significativa entenda-se) as avós cuidam dos netos, dão de comer, brincam, conversam, enquanto as mães falam ao telemóvel e os pais lêem o jornal. Não se lhe ouve um pio sequer. Estão a descansar. ah pois estão de férias. Ah e tal os avós adoram os netos e como tal adoram esses momentos em que podem aproveitar a infância do netos. Blá blá blá.
4. Continuo perplexa perante as mulheres que tratam os maridos como filhos: chamam-lhe "pai" quando o vêm só como pai dos filhos e não como marido, ou "filho", quando acham que devem continuar a brincar às mães e então é vê-las a  pôr-lhes protector solar, dão-lhes as sandes, vão comprar-lhe uma revista, dão-lhe um bom lugar à sombra para poderem dormir, não os incomodam para pedir que cuidem dos miúdos, são elas que carregam o saco das toalhas, a geleira e o chapéu de sol. Pois claro, férias são férias. Este tópico é tão patológico que não posso escrever mais, senão tenho que mudar o titulo e já não me apetece.
5. As famílias são de vidro. Umas mais resistentes outras são mesmo feitas de um cristal mais frágil, mas são todas quebráveis. Quando se quebra a atenção, quando se quebra o carinho, quando se quebra a intimidade, quando se quebra a confiança. Já alguma vez tentaram colar um copo depois de o partir? Não fica igual pois não? É melhor tratarmos com muito cuidado as nossas relações. Há coisas que dificilmente se conseguem recuperar. E não devemos esperar pelas férias para sermos felizes, para estarmos felizes, para fazermos selfies felizes para postar e dizer aos outros que somos/estamos felizes. Não devemos esperar pelas férias para ver se aquele ou o outro problema se vai resolver por si "Olha deixa lá ver depois das férias como é que isto fica ..." As férias não fazem milagres. Os milagres acontecem todos os dias na nossa casa, quando nos voltamos para o outro, para a nossa família, para o nosso bem estar, para os nossos problemas, para a nossa capacidade de nos superarmos perante as mais pequenas e maiores dificuldades. Isso é estarmos bem, talvez não seja uma felicidade idílica apregoada nos contos de fada mas é uma felicidade ao nível de uma boa discussão, que não raras as vezes dá lugar a uma boa reconciliação. 

2 comentários:

diz o que pensas

perdidos e achados